Conhecido como “Baby 10”, carrega indícios de várias fraudes.
Quando os investigadores da Polícia Federal (PF) começaram a destrinchar os gabaritos do Concurso Nacional Unificado (CNU) de 2024, um nome familiar voltou a circular nas planilhas de análise. Luiz Paulo Silva dos Santos. Para quem não se atinou entre os aprovados, apenas mais um candidato entre os mais de um milhão de inscritos. Para quem trabalha com repressão a fraudes em concursos públicos, um velho conhecido.
Aos 45 anos, nascido na cidade de Cabo de Santo Agostinho, em Pernambuco, Luiz Paulo carrega histórico que o tornou quase uma lenda no submundo das fraudes em concursos públicos.
O golpe era rentável e bem planejado: mais de R$ 100 milhões teriam sido movimentados, mil pessoas se beneficiaram direta ou indiretamente e 100 foram denunciadas formalmente. Luiz Paulo estava entre elas.
Na época, ele não ocupava posição de comando. Era uma espécie de operador. O homem que executava o que os líderes chamavam de “parte suja do esquema”. Luiz Paulo era quem fotografava as provas dentro das salas, com câmeras escondidas em botões ou canetas, e as enviava, em tempo real, para o grupo de “professores” da quadrilha. Os especialistas, contratados para resolver as provas em minutos, faziam a devolutiva dos gabaritos prontos, que eram repassados a candidatos dispostos a pagar até R$ 150 mil por uma vaga garantida.
“Ele tinha papel fundamental. Era quem viabilizava a fraude”, disse, na época, o delegado Lucas Sá, responsável pela Operação Gabarito. “Sem alguém infiltrado dentro das salas, fotografando as provas, o esquema não existiria.”
Quando foi preso, em maio de 2017, a Polícia Civil apreendeu com ele equipamentos eletrônicos adaptados, celulares modificados e registros de candidatos atendidos em diferentes estados. A quadrilha atuava em concursos de órgãos como a Polícia Federal, o IBGE, o Departamento Penitenciário Nacional e universidades federais.
